Mais um falso moralista
desmascarado e condenado pela justiça.

O deputado federal e apresentador de TV Celso Russomanno (PRB-SP)
foi condenado a dois anos e dois meses de prisão –convertidos em penas
alternativas– por ter nomeado como funcionária de seu gabinete, entre 1997 e
2001, a gerente de sua produtora de vídeo, a Night and Day Promoções.

A existência da sentença, de fevereiro de 2014, foi noticiada pela
revista “Veja” deste sábado (28) e confirmada pela
 Folha.

Segundo a Justiça Federal do Distrito Federal, Sandra de Jesus
recebia salário como assessora pela Câmara dos Deputados, mas trabalhava de
fato na empresa de Russomanno. Ele recorreu da decisão e o caso seguiu para o
STF (Supremo Tribunal Federal).

No mês passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
pediu que o deputado seja ouvido no âmbito do recurso.

O caso é semelhante a um novo episódio noticiado
pela
 Folha nesta semana. No atual mandato, o
deputado federal nomeou como funcionários de seu gabinete cinco pessoas que atuam
em sua ONG em São Paulo, o Inadec (Instituto Nacional de Defesa do Consumidor).

Uma diferença, porém, é que a ONG, estatutariamente, não tem fins
lucrativos, mas também é uma entidade particular.

SENTENÇA

No processo, Russomanno negou ilegalidade, e disse que a
funcionária atendia consumidores em seu gabinete político em São Paulo –que
funcionava no mesmo endereço de sua produtora– e cuidava da emissão de
passagens aéreas.
Porém, várias testemunhas e documentos comprovaram que Sandra de
Jesus, depois de nomeada para o gabinete do deputado, continuou a ser gerente
da empresa. Ela assinava, por exemplo, as carteiras de trabalho de funcionários
da produtora.
Além disso, segundo o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira,
ainda que Sandra atendesse a consumidores com queixas, essa atividade tinha de
ser vista com ressalva.
“Mesmo a atividade de atendimento ao consumidor, conquanto
tenha alto grau social e de benefício à população, não pode ser reputada
atividade parlamentar típica e exclusiva. Trata-se de um misto de atividade
parlamentar, jornalística e empresarial”, afirma a sentença.

“[Russomanno] Ao mesmo tempo aufere vantagem de alguma
maneira com o programa, porque colhe das pessoas atendidas gratuitamente o
material humano e a matéria para a audiência na TV.”
O magistrado conclui: “[…] Valendo-se da qualidade de
deputado federal, o réu concorreu para que fosse desviado dinheiro público em
proveito de Sandra de Jesus e indiretamente dele próprio, já que a União passou
a remunerar pessoa cujo encargo seria da empresa.”

Após a acusação, destaca a sentença, o deputado devolveu cerca de
R$ 700 mil de verba de gabinete de seus mandatos entre 2001 e 2009, o que, para
o juiz, minimizou a acusação contra ele. A pena de prisão foi convertida em 790
horas de trabalho comunitário e pagamento de 25 cestas básicas.

Fonte: Folha de São Paulo


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