A capacidade de geração de
energia eólica no Brasil deverá passar dos atuais 8,7 mil megawatts (MW) para
24 mil MW nos próximos oito anos. A estimativa do governo, que consta no Plano
Decenal de Expansão de Energia, é que em 2024 o parque eólico brasileiro deverá
responder por 11,5% de toda a energia gerada pelo país. Até o fim de 2016, a
capacidade instalada deve chegar a 11 mil MW, segundo projeções da Associação
Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica).

A energia produzida com a força
dos ventos é a que apresenta o maior crescimento no país. Entre novembro de
2014 e novembro de 2015 a capacidade instalada do setor cresceu 56,9% em
relação aos 12 meses anteriores, de acordo com o Ministério de Minas e Energia.
No ano passado, foram inauguradas mais de 100 usinas eólicas no país, com
investimentos de R$ 19,2 bilhões. Atualmente, existem 349 usinas eólicas
instaladas no Brasil, a maioria na região Nordeste.
“A energia eólica no Brasil é
algo razoavelmente novo e essa indústria foi sendo construída com bases muito
sólidas porque temos um recurso eólico muito bom no Brasil, um dos melhores do
mundo e, ao entender e saber explorar esse recurso nós colocamos a eólica em
uma situação de vantagem comparativa e competitiva muito grande”, diz a
presidente da Abeeolica, Elbia Gannoum.

Para a coordenadora da campanha
de Energias Renováveis do Greenpeace, Larissa Rodrigues, o panorama para a
expansão da capacidade de geração desta energia no país é otimista,
especialmente levando em conta que o desenvolvimento do setor aconteceu com
maior força na última década. No entanto, ela avalia que a meta de alcançar 24
mil MW de capacidade instalada em 2024 ainda é tímida. “Quando você pega o que
já está instalado hoje e o que está sendo construído, o que sobra não é muita
coisa. Pelo que estamos vendo hoje, para 2024 poderíamos ter muito mais”, diz.
Transmissão
O escoamento da energia
produzida pelas usinas eólicas foi um problema para os primeiros parques
construídos, que ficaram prontos sem ter um sistema de transmissão concluído
para levar a energia a outras regiões. Segundo a Abeeolica, isso aconteceu
porque houve um desencontro entre os cronogramas de obras das usinas de geração
de energia e das de linhas de transmissão.
“Hoje não tem mais aquele
atraso e os próximos [projetos] tendem a não atrasar mais, porque o modelo é
outro”, diz a presidente da Abeeolica. Desde 2013, os editais para a
contratação de energia eólica condicionam a compra de energia desse tipo de
fonte à garantia de conexão junto à rede de transmissão.
A entidade estima que cerca de
300 MW de capacidade instalada em 14 parque eólicos do Rio Grande do Norte e da
Bahia estejam com problemas de conexão à linhas de transmissão. “Esse
percentual não é relevante, é menos de 5% do total”, avalia Elbia.
Para o Greenpeace, o escoamento
da energia é o principal gargalo para a expansão das eólicas no país. Larissa
Rodrigues diz que o atrelamento da contratação à garantia de linhas de
transmissão prejudica o setor. “No fundo, isso é muito ruim para a indústria
eólica, porque quem faz a usina não é o mesmo agente que faz a linha de
transmissão, são coisas completamente separadas no setor elétrico”, avalia.
Custo
O custo de geração da usina
eólica, que era um entrave para o crescimento do setor há alguns anos, já não é
mais obstáculo. Atualmente, ela é a segunda fonte de energia mais barata, atrás
da energia hidrelétrica. “A eólica já chegou no seu grau máximo de
competitividade, quando se tornou a segunda energia mais barata do Brasil em
2011”, diz Elbia.
Segundo ela, atualmente cerca
de 70% dos equipamentos utilizados na geração de energia eólica no Brasil são
produzidos no país. “Ao construir essa cadeia produtiva somando ao recurso dos
ventos, nós temos um potencial eólico disponível para atender as necessidades
do Brasil”.
Para a representante do
Greenpeace, o debate sobre o custo da energia eólica atualmente é um mito, pois
com o avanço da indústria o setor se tornou competitivo. “Há 10 anos quando se
falava em energia eólica no país era uma coisa de maluco, ninguém acreditava.
Hoje em dia só se fala nisso”, avalia Larissa Rodrigues.
Papel social
O presidente da Empresa de
Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, destaca que, além dos benefícios para
a redução dos gases do efeito estufa, a expansão da energia eólica cumpre
também um papel social. Isso porque pequenos proprietários arrendam parte de
suas terras para colocar os aerogeradores e ganham uma renda extra por isso.
“A forte expansão da geração
eólica no país é um elemento importante para o Brasil atingir a meta acordada
na COP 21 para redução dos gases do efeito estufa. Além do benefício ao
planeta, por menos emissões, tem ainda o benefício local, não apenas pela
redução da poluição regional, mas também pelo benefício social ligado à renda
que é gerada por essa atividade, que vem sendo desenvolvida geralmente em áreas
mais pobres do Brasil”, avalia Tolmasquim.
Segundo estimativas da
Abeeolica, cada família que arrenda suas terras para a instalação de
aerogeradores ganha cerca de R$ 2,3 mil por mês e o no ano passado foram pagos
cerca de R$ 5,5 milhões por mês em arrendamentos.
Os parques instalados
atualmente possuem cerca de 87,5 mil hectares arrendados e 3% destas áreas são
ocupadas com os equipamentos eólicos. O restante pode ser utilizado para agricultura,
pecuária, piscicultura entre outras atividades.

Agência Brasil
 

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