A pedra fundamental da Igreja Matriz de Ceará-Mirim, foi lançada a 21 de fevereiro de 1858 pelo Frei Serafim de Cattânia – Porém, suas obras somente foram concluídas no ano de 1900.
O templo foi construído mediante projeto do Frei Sarafim e as torres pelo projeto do engenheiro Mr. David Williams, com recursos do governo da província do Rio Grande do Norte e contribuições da população local; a direção das obras ficou a cargo de José Joaquim de Castro Barroca, do Engenho Verde-Nasce.
A Matriz foi construída em terreno doado pelo Coronel Manoel Varela do Nascimento (futuro Barão de Ceará-Mirim) e pelo Sr. Antônio Bento Viana do Engenho Carnaúbal no ano de 1851.
Por suas dimensões, é a Matriz de Ceará-Mirim, uma das maiores igrejas do Rio Grande do Norte. Mede 260 palmos o que equivale a 57 m 20 cm de comprimento e 107 palmos de largura que equivale a 23 m 55 cm.
Foi construída com duas torres góticas de base quadrangular e terminal em agulha, medindo aproximadamente 36 metros e que foram concluídas em 1894.
Em 1889, foram trazidos os sinos em carro-de-boi por dois jovens da época vestidos a caráter – Fausto Varella e Heráclio Ribeiro de Paiva. Um dos sinos pesa 40 arrobas, cerca de 600 Kg, e foi doado pelo tenente-coronel Francisco José Soares do Engenho Cruzeiro. O outro possui 20 arrobas que equivale a 360 Kg, sendo este último feito pelas doações do povo. Os sinos só foram colocados em 01 de janeiro de 1901, na virada do século, tida como inaugural, estando registrada no marco encravado entre o 1º e 2º arco da nave principal. Outras ofertas importantes foram feitas por Josefa Cavalcanti Rocha – o Batistério – e por D. Vitória Duarte Ribeiro – a Pia Batismal toda em mármore. O Sacrário em bronze chegou a Matriz em 1951 por doação do Dr. Milton Varella.
Segundo Nilo Pereira em seu livro intitulado Imagens do Ceará-Mirim, Madalena Antunes, Jornalista e Poeta, declara em “O meu diário paulista – manuscrito”; que o altar-mor de nossa matriz foi inspirado no altar-mor da igreja Nossa Srª. do Carmo, de São Paulo, do início do século XIX. Diz ela: “O altar-mor era um verdadeiro milagre de pintura. Construído em degrauzinhos, deixava ver ao fundo belíssima cortina de veludo bordeau, presa aos lados por cordões em bolas de ouro com coruahevs góticos e colunatos douradas, desenho de um artista estrangeiro que igualmente decorou todo o forro da igreja com significativos emblemas”.
No início da década de 1930, o Então cônego Celso Cicco realiza uma reforma na matriz com a ajuda da população, inclusive a instalação da luz elétrica com as sua nove mil e trezentas velas distribuídas com precisão, custaram trinta e sete contos, seiscentos e quarenta e nove mil e quinhentos réis. As reformas realizadas foram, abertura de 10 arcadas, sendo quatro na capela-mor, 16 óculos envidraçados nas fachadas laterais, forros nos corredores dos segundos pavimentos e naves laterais da capela-mor, construção de uma gruta para N. S. de Lourdes com seu respectivo altar e mais 6 altares para as seguintes invocações: N.S. da Conceição (altar-mor), N.S. das Dores, Coração de Jesus, Santa Terezinha, São Sebastião e N.S. do Perpétuo Socorro; uma placa de cimento armado no batistério, com seu altar; um comungatório de mármore branco obedecendo à linha curva, levantamento das portas e substituição de janelas por venezianas; instalação de luz em série nos altares das naves principais, reparos nas escadas das torres e pintura a óleo dos altares.
Nesse período a matriz recebeu do Sr. Milton Varela, um sacrário de mármore; de D. Eugênia Miranda, uma imagem de N.S. do Perpétuo Socorro e respectivo altar; do Sr. Antonio Basílio Dantas Ribeiro, uma imagem de Sto. Antonio; de D. Etelvina Lopes Varela, uma gruta de N.S. de Lourdes e respectiva imagem; do Sr. Boaventura Dias de Sá, o mosaico para a capela-mor; do Sr. Nestor dos Santos Lima, uma via-sacra; do Sr. Manoel Marques, uma imagem de São Sebastião; de D. Mariinha Barreto, uma imagem de N.S. das Vitórias e dos Srs. Abel Correia e Luiz Varella, um baldaquim gótico.
Foi também reformada interna e externamente a residência paroquial, tendo sido gasto a quantia de três contos duzentos e cinqüenta e seis mil réis.
A República de 13 de setembro de 1936 informa que: “Esteve imponente a procissão realizada às 19 horas de domingo, 30 de agosto, de N.S. da Conceição, ultimamente “encarnada” pela exma. Senhorita Yayá Villarina. Mais de duas mil pessoas calculadamente, foram receber a imagem de sua querida padroeira no edifico do Grupo Escolar. Na matriz, o vigário, em nome do povo, saudou do púlpito, a excelsa protetora dos cearamirinenses, encerrando-se a cerimônia com a benção do Santíssimo Sacramento.
Funcionam mensalmente as confrarias do Apostolado da Oração, presidente a D. Senhorinha Wanderley; de Nossa Senhora das Dores, presidente D. Dolores Cavalcanti; da Pia União das Filhas de Maria, presidente, D. Adelaide Lima; Associação das Damas de Caridade, presidente, D. Annita Melo; Congregação da Doutrina Cristã, presidente, D. Senhorinha Wanderley; Associação das Almas do purgatório, presidente, D. Francisca Lago; Associação de São José, presidente, D. Senhorinha Wanderley; tendo já sido anunciado aos fiéis que brevemente será fundada a irmandade do Santíssimo. A Doutrina Cristã já matriculou 237 alunos e no próximo mês vai realizar a segunda turma de Primeiras Comunhão solene. O mapa religioso do ano passado acusa o seguinte resultado: casamentos: 195, casamento de consciência: 18; batismos: 871; comunhões distribuídas: 23.268; Primeiras Comunhões: 165; confissões de enfermos: 59; viáticos: 41 e extrema-unções: 72.
Festa cívico-religiosa promovida pela diretoria e professoras do Grupo escolar desta cidade, consoante determinação do revmo. Cônego-diretor geral do Departamento de Educação, realizou-se com desusado brilhantismo a festa de 7 de setembro, comemorativa ao “Dia da Pátria”. Coincidindo com o encerramento do 2º Congresso Eucarístico Nacional em Belo Horizonte, foi celebrada missa campal em frente ao Grupo Escolar, precedida de recitativos pelas alunas e alocução pela diretora e professoras sobre o magno acontecimento. Concluído o último evangelho, o vigário proferiu um discurso sobre o dever do Brasil na hora presente, tendo em seguida os alunos cantado o Hino da Bandeira ao tempo em que esta hasteada sob as palmas da multidão. Formou-se então extensa ala de alunos para a procissão eucarística, que também foi acompanhada por enorme massa humana. Na Matriz, depois da oração do Congresso, foi dada a benção do Santíssimo, entoando os alunos do Grupo Escolar, o Hino Nacional.