1992. Funcionários da Telerj pedem a saída de Cunha da presidência da empresa.

Pela terceira vez, o Conselho de Ética da
Câmara se reúne para decidir se o pedido de cassação do mandato de Eduardo
Cunha deve prosseguir ou ser engavetado. A única salvação de Cunha hoje é a
desmoralização da instituição legislativa. A esse ponto chegaram os deputados:
se quiserem salvar o mandato de Cunha, uma Câmara inteira terá de cair. Só a
desmoralização da Câmara salva seu presidente. Fiel da balança, o PT 
hesita.

O Datafolha demonstrou que, do lado de
fora, o brasileiro cordial é um ser em extinção. Há uma fome de limpeza no ar:
81% dos patrícios querem ver o presidente da Câmara cassado. Repetindo: oito em
cada dez brasileiros sonham com um Cunha sem mandato, ao alcance de uma ordem
de prisão do juiz Sérgio Moro. O país está com um convulsivo apetite de
punição.

Na semana
passada, a tradição da política brasileira para o nanismo foi rompida no Senado
—por 59 votos a 13, os senadores avalizaram a ordem de prisão expedida pelo STF
contra o líder do governo Delcídio Amaral. Fizeram isso contra a vontade do
investigado Renan Calheiros e contra a bancada do PT, que deu nove votos pelo
relaxamento da cana.

Agora, os 21
deputados do Conselho de Ética precisam informar ao país quem são. Se votarem
‘sim’, pela admissibilidade do processo contra Cunha, estarão oferecendo a si
mesmos uma oportunidade para elevar a própria estatura. Se prevalecer o ‘não’,
os deputados esta
rão fazendo uma opção por rebaixar o pé direito da edificação
de Niemeyer.

Por Josias de Souza.

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