Ex-primeira-dama é acusada de corrupção, lavagem de dinheiro e
organização criminosa

O GLOBO – Acusada de corrupção, lavagem de
dinheiro e organização criminosa pela força-tarefa da Lava-Jato no Rio, a
ex-primeira-dama do Rio de Janeiro Adriana Ancelmo é alvo nesta terça-feira de
um mandado de prisão expedido pela Justiça Federal.
A prisão de Adriana acontece 19
dias após a do marido Sérgio Cabral, apontado como líder do grupo que desviou
ao menos R$ 224 milhões em obras com diversas empreiteiras como a reforma do
Maracanã e o Arco Metropoliltano, em troca de aditivos em contratos públicos e
incentivos fiscais.
Entre os principais motivos para
que a Justiça Federal aceitasse um novo pedido de prisão contra a advogada pelo
Ministério Público — dois anteriores já haviam sido negados — estão contratos
do escritório Ancelmo Advogados com empresas que receberam durante a gestão
Cabral benefícios fiscais do governo fluminense e a suspeita de que ela estaria
dando prosseguimento às práticas de corrupção e lavagem de dinheiro uma vez que
não teria entregue todas as joias compradas pelo casal aos investigadores.
O escritório de Adriana Ancelmo
arrecadou, em contratos com 40 clientes nos últimos oito anos (2008-2015),
conforme dados obtidos pelo GLOBO, R$ 78 milhões. Os investigadores suspeitam
de uma conexão entre os bilionários benefícios fiscais concedidos pelo governo
Cabral — cerca de R$ 140 bilhões em renúncia entre 2008 e 2013 — e estes
contratos. Figuram na lista de clientes da ex-primeira-dama a Telemar, a CSN, a
Light, a Reginaves, o Metrô, a Brasken e a Unimed, entre outras favorecidas
pelos benefícios.
Um dia após a prisão de Cabral, o
GLOBO revelou que dos dez maiores contratos do escritório Ancelmo Advogados, da
mulher do ex-governador Sérgio Cabral, nos últimos oito anos (2008-2015), sete
foram celebrados com empresas que receberam no mesmo período benefícios fiscais
do governo fluminense. Dados obtidos pelo GLOBO, que teve acesso a todos os
contratos assinados pelo escritório neste tempo, demonstram que R$ 27,33
milhões derivam dos sete contratos com empresas contempladas, que, juntas,
receberam quase R$ 4 bi em isenções.
O esquema com empreiteiras bancou
uma vida de luxo para Cabral, Adriana e outros envolvidos. O dinheiro de
propina pagou viagens internacionais, idas a restaurantes sofisticados, uso de
lanchas e helicópteros e compras de joias.
Uma das joias foi um anel
avaliado em 800 mil reais que Adriana recebeu de presente durante uma viagem a
Mônaco. O anel foi pago pelo empresário Fernando Cavendish, ex-dono da
construtora Delta.
Cabral teria se utilizado também
de um sistema de contabilidade paralelo da joalheria Antonio Bernardo. Segundo
uma gerente, o ex-governador comprou mais de 5 milhões de reais em joias por
esse sistema. Na joalheira H.Stern, Cabral teria comprado joias no valor de 2
milhões de reais. As compras eram feitas em dinheiro vivo, sem a emissão de
notas fiscais.

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