A primeira grande crise do governo Michel Temer, que
envolveu o ex-ministro Romero Jucá ainda na interinidade, já havia deixado
claro que o golpe parlamentar de 2016 tinha uma finalidade: conter o ímpeto da
Operação Lava Jato para proteger a oligarquia política brasileira, de quem a
operação perigosamente se aproximava. Gravado por Sergio Machado, Jucá defendia
a derrubada de Dilma para “estancar essa sangra”.
Agora,
a segunda grande crise de Temer, não mais na interinidade, comprova que foi
exatamente esse o objetivo do golpe. Demitido por telefone, o ex-ministro da
advocacia-geral da União, Fábio Medina Osório, disse que foi defenestrado
porque o Palácio do Planalto tem interesse em proteger aliados corruptos – ou
seja, trata-se, como disse Jucá, de “estancar essa sangria”.
Fui
demitido porque contrariei muitos interesses. O governo quer abafar a Lava
Jato. Tem muito receio de até onde a Lava Jato pode chegar
“, disse Osório.
Osório,
que pretendia cobrar até R$ 23 bilhões das empreiteiras e dos agentes públicos
envolvidos na Lava Jato, previu um final agourento para o governo Temer.
Se não houver compromisso com o combate à corrupção, esse governo vai
derreter
“, disse ele. Segundo Osório, o chefe da Casa Civil, Eliseu
Padilha, foi o encarregado por Temer de providenciar sua demissão e conter suas
investidas, que incomodavam aliados do PMDB e de partidos da base. “Qual é
o problema de tentar ressarcir aos cofres públicos o dinheiro desviado?
“,
questiona Osório.
Depois
desse novo escândalo, que revela que o Palácio do Planalto tentou obstruir
investigações, aumenta a pressão sobre o procurador-geral Rodrigo Janot, que
terá que provar mais uma vez se investiga a todos ou apenas o PT.
Recentemente,
ele acusou a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o ex-ministro
José Eduardo Cardozo de tentar obstruir a Lava Jato com uma indicação de um
ministro para o Superior Tribunal de Justiça. O que fará agora com a afirmação
do ex-advogado da União, que acusa o governo de demiti-lo para proteger
políticos aliados? Com a palavra, Janot.

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