A Operação Lava Jato encontrou uma conta na Suíça do ex-ministro da
Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RB), que entregou o cargo nesta quinta
(16).
Investigado
por suspeita de participar do esquema de corrupção na Petrobras, Henrique Alves
foi o terceiro titular da Esplanada de Michel Temer a deixar o governo em
suspeição.
Os investigadores já encontraram um extrato da conta bancária da
qual ele é beneficiário e suspeitam que ela era usada para recebimento de
propina no exterior.
Investigadores ouvidos pela Folha disseram que o caso do
peemedebista é semelhante ao do presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha,
que também mantinha uma conta em uma instituição bancária suíça.
PLANALTO
A Folha apurou que o agora ex-ministro comunicou ao Palácio
do Planalto ter recebido informações de que a Lava Jato havia identificado o
extrato de sua conta, não declarada. Por isso decidiu sair do ministério e, consequentemente,
dos holofotes da imprensa.
Na ocasião, ele foi aconselhado por aliados a entregar o posto e
se concentrar na própria defesa, dado o risco de que a informação viesse a público
e constrangesse Temer.
Em delação premiada, divulgada
na quarta-feira (15), o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou que
repassou ao agora ex-ministro R$ 1,55 milhão em propina entre 2008 e 2014.
Antes
dele, foram demitidos os ministros Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano
Silveira (Transparência) após o vazamento de gravações em que ambos criticaram
a Operação Lava Jato.
PRESSIONADO
Na semana
passada, Alves já havia sido aconselhado por aliados de Temer a deixar o posto
para evitar o aumento do desgaste na imagem do governo interino.
Conforme
a Folha revelou no início deste mês, o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o ministro atuou
para obter recursos desviados da Petrobras em troca de favores para a
empreiteira OAS.
Na
manifestação à Suprema Corte, Janot afirmou que parte do dinheiro do esquema
desbaratado pela Operação Lava Jato teria abastecido a campanha de Alves ao
governo do Rio Grande do Norte em 2014, quando ele acabou derrotado.
A
negociação envolveria o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-presidente
da OAS Léo Pinheiro. As afirmações da Procuradoria constam do pedido de
abertura de inquérito para investigar os três, enviado no fim de abril ao
Supremo, mas até hoje mantido sob sigilo.
No
despacho, Janot aponta que Cunha e Alves atuaram para beneficiar empreiteiras
no Congresso, recebendo doações em contrapartida.
“Houve,
inclusive, atuação do próprio Henrique Eduardo Alves para que houvesse essa
destinação de recursos, vinculada à contraprestação de serviços que ditos
políticos realizavam em benefício da OAS”, escreveu Janot.
Folha de São Paulo

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