Governo federal e estados têm acordos para compra do imunizante, mas Anvisa ainda aguarda relatórios técnicos. Inspeção tem objetivo de buscar dados que faltam sobre a produção da vacina.

Fábricas da vacina Sputnik na Rússia serão inspecionadas na próxima semana por técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

De acordo com a agência, o objetivo é verificar as Boas Práticas de Fabricação do imunizante contra a Covid-19 e também “levantar dados faltantes sobre a produção da vacina que são importantes tanto para a avaliação do uso emergencial como para o processo de importação”.

Apesar de ter contratos já assinados no país, a Sputnik V ainda não foi aprovada pela Anvisa para uso emergencial no Brasil. A vacina foi desenvolvida pelo Instituto Gamaleya e se tornou a primeira a ser autorizada para uso emergencial no mundo, em agosto de 2020, antes mesmo do fim dos testes clínicos.

No Brasil, o Maranhão acionou o Supremo Tribunal Federal para autorizar importação e uso emergencial da vacina. O pedido ocorre porque a Anvisa informou a 9 estados interessados na vacina que os dados enviados pelos desenvolvedores estão incompletos: a principal ausência é da íntegra do relatório da agência de saúde russa que liberou o uso da vacina.

Como será a inspeção

Duas instalações serão visitadas. A primeira inspeção ocorre dos dias 15 a 21 de abril com três servidores da Anvisa na fábrica responsável pela produção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) e da vacina finalizada.

Ainda segundo a Anvisa, a segunda inspeção deve acontecer de 19 a 23 de abril na empresa responsável pelas etapas finais de envase e embalagem. “As datas das inspeções foram definidas em função da disponibilidade do Fundo Russo que solicitou que a inspeção tivesse início no dia 15 de abril para que houvesse tempo de preparar a documentação necessária para a condução da inspeção”, esclareceu a Anvisa.

Batalha pela importação

Governo federal e ao menos nove estados têm acordos para compra de milhões de doses do imunizante. Em março de 2021, o Ministério da Saúde fechou contrato para 10 milhões de doses, sendo que 400 mil doses já estavam previstas no cronograma de abril.

Na terça-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro conversou por telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Os chefes de Estado trataram da compra e da produção da vacina russa Sputnik V, desenvolvida para combater a Covid.

O Fundo Russo responsável pelo financiamento da vacina afirma que mais de 50 países já aprovaram o uso emergencial da vacina. Entre os países estão: México, Argentina, Venezuela, Paraguai e Bolívia. A maioria dos outros países está na Ásia ou na África. Na Europa, apenas a Hungria já aprovou o uso emergencial.

Tecnologia e eficácia

A vacina Sputnik V teve eficácia de 91,6% contra a doença, segundo resultados preliminares publicados na revista científica “The Lancet”. A eficácia contra casos moderados e graves da doença foi de 100%.

A Sputnik V usa a tecnologia de vetor viral. Nesse tipo de vacina, um outro vírus (nesse caso, o adenovírus) “leva” o material genético do coronavírus, o RNA, para dentro do nosso corpo. Mas esse adenovírus é modificado para não conseguir se replicar (reproduzir). Por isso, ele não causa doença.

No caso da Sputnik, o adenovírus que leva o coronavírus para dentro do corpo é diferente em cada dose: na primeira, é o Ad26 (mesmo da vacina da Johnson). Na segunda, é o Ad5, mais comum. Ambos são adenovírus humanos.

Os cientistas russos explicam que usar adenovírus diferentes pode ajudar a criar uma resposta imunológica mais poderosa – em comparação ao uso do mesmo vetor duas vezes –, pois diminui o risco de o sistema imunológico desenvolver resistência ao vetor inicial.

G1.COM

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