Influência de
Eduardo Cunha constrange governo de Michel Temer

A sombra de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), deputado afastado da presidência da Câmara e do mandato desde o
último dia 5, tem despertado críticas e receios entre aliados de Michel Temer e
integrantes do PMDB no Senado.
O núcleo do governo interino se
esforça para minimizar a nomeação de pessoas próximas a Cunha em postos-chave
para a nova administração, mas o deputado demonstra disposição em impor gente
de sua confiança como interlocutores inevitáveis de Temer com o Congresso.
Cunha foi afastado do cargo a
menos de uma semana da votação do impeachment no Senado. Era um período
delicado para Temer, mas o deputado foi à residência oficial do hoje presidente
interino no domingo seguinte a sua queda.
Na conversa com Temer, deixou
claro que não pretendia recolher as armas. Disse que lutaria na Justiça para
reaver o mandato e que se manteria politicamente organizado. A prova de que
falava sério veio dias depois.
O afastamento de Cunha alçou
Waldir Maranhão (PP-MA) à presidência da Câmara. Deputado de pouca expressão,
sempre foi aliado do peemedebista, de quem só se afastou às vésperas do
impeachment. Maranhão tentou se firmar no
cargo, mas foi alvejado por aliados de Cunha e por PSDB e DEM.
Ameaçado até de expulsão por sua
sigla, voltou-se para o peemedebista. Conseguiu uma trégua. Desde o afastamento
de Cunha, Maranhão foi pelo menos duas vezes à casa dele. “Mesmo afastado,
Cunha continua usando seu poder para comandar a Casa por meio do presidente
interino”, avaliou Pauderney Avelino (AM), líder do DEM.
A maior prova da força de Cunha,
no entanto, veio à tona esta semana, quando deputados do chamado
“centrão” reuniram cerca de 300 assinaturas para impor a escolha de
André Moura (PSC-SE) como líder do governo Temer na Casa. O bloco teve
participação decisiva na eleição do peemedebista para a presidência da Câmara,
em 2015.
O número de apoios a Moura fez
Temer ceder. As primeiras críticas vieram pelo currículo de Moura, que já foi
acusado até de tentativa de assassinato, o que ele nega.
Senadores criticaram a posição de
Temer –Renan Calheiros (PMDB-AL) o fez publicamente–, e, os mais próximos ao
interino manifestaram preocupação com que ele se torne “refém” de
Cunha.
Numa tentativa de amenizar essa
impressão, deputados aliados ao presidente interino afirmam que, uma vez
indicado, Moura tende a se afastar de Cunha para formar seu próprio núcleo de
influência. “Hoje Cunha não é o mesmo que era ontem. E amanhã já não será
mais o mesmo de hoje”, define um deputado do PMDB.
O Planalto, por sua vez, tenta
disseminar a versão de que Moura é o sintoma de um movimento mais amplo de
todos os partidos pequenos e médios da Câmara para mudar o eixo do poder na
Casa e minimizam o poder de Cunha sobre o governo interino.
Portal Terra

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