Avaliação no Planalto é que não haverá perda de votos contrários à
denúncia contra Temer

A escassa mobilização popular
contra o aumento de imposto anunciado pelo governo na semana passada teria dado
sobrevida ao presidente Michel Temer no Congresso, onde sua base aliada confia
que irá enterrar a denúncia por corrupção passiva na votação marcada para a
quarta-feira que vem, no plenário da Câmara.

É unânime, entre integrantes do governo, a avaliação de que mais imposto é
sempre negativo e “deve ser evitado” mas aliados de Temer acham que o
gesto foi uma sinalização política para a base aliada. Teria mostrado que o
governo está comprometido com o ajuste fiscal e reforça a autonomia da equipe
econômica, apesar de questões políticas.

Há também a expectativa de que o
aumento do dinheiro em caixa pode tirar o governo da “paralisia” e facilitar o
repasse de verbas para deputados atuarem em suas bases eleitorais.

— Aumento de imposto é sempre uma
coisa ruim. Mas, por outro lado, o governo ganha capacidade de investimento e
isso anima os deputados porque dá a perspectiva de que haverá liberação de
gastos, hoje muito contingenciados — afirmou um ministro, de forma reservada.

O líder do governo no Congresso,
André Moura (PSC-SE) reforça a tese. Ele disse que os líderes governistas
sondaram os deputados sobre eventuais impactos da medida na votação e
concluíram que, devido à falta de reações populares, não deverá haver mudanças
nos votos pró-Temer.

— Há essa expectativa de que o
resultado do aumento de imposto seja mais investimento. Não tem nenhum tipo de
impacto na base, porque a base entende que a equipe econômica trabalha para
manter o equilíbrio fiscal e a recuperação econômica. A população não quer
saber de aumento de imposto mas não houve grande reação, manifestações, nada
disso — afirmou Moura.

O Planalto acredita que o anúncio
aumenta a pressão sobre o Congresso para que aprove a reforma da Previdência.
Segundo integrantes do governo, o aumento de impostos teve que acontecer porque
não havia de onde tirar dinheiro. Nessa lógica, a reforma da Previdência seria
essencial para que o aumento no preço da gasolina possa ser revertido mais à
frente, caso a economia dê sinais de recuperação.

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