Associação da categoria encerrou evento sobre combate à corrupção com manifestação em defesa da independência da instituição

G1.com – Delegados da Polícia Federal divulgaram carta nesta sexta-feira na qual afirmam que a instituição não deve ficar sujeita a “declarações polêmicas em meio a demonstrações de força” do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Assinada pela Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), a carta marcou o encerramento de evento sobre combate à corrupção organizado em Salvador pela entidade.


Em tom crítico, a carta faz referência às declarações do presidente dadas nos últimos dias, nas quais afirmou que cabe a ele demitir o diretor-geral da Polícia Federal e indicar nomes para cargos na instituição. Defende ainda que, para blindar a instituição, o Congresso Nacional precisa aprovar medidas que permitam a independência funcional da PF e um mandato de dois anos para o diretor-geral da instituição, aos moldes como ocorre na Procuradoria-Geral da República.


“Nos últimos dias, veículos de imprensa de todo o Brasil destacaram comentários do Presidente da República sobre a nomeação para cargos diretivos da Polícia Federal. A lei atribui ao chefe do Poder Executivo a prerrogativa de nomear e exonerar o Ministro da Justiça e o Diretor-Geral da Polícia Federal. Respeitamos a autoridade conferida nas urnas ao Presidente da República. Somos uma carreira hierárquica e disciplinada, reconhecida pela qualificação técnica e admirada por toda a população brasileira”, diz trecho da carta.


Prosseguem os delegados: “Contudo, a Polícia Federal não deve ficar sujeita a declarações polêmicas em meio a demonstrações de força que possam suscitar instabilidades em um órgão de imensa relevância, cujos integrantes são técnicos, sérios, responsáveis, e conhecedores de sua missão institucional. Em outros governos, por diversas ocasiões, a instituição sofreu pressões e tentativas de intervenção. Diante do que parece ser mais uma delas, é necessário e urgente que a Polícia Federal conquiste garantias constitucionais e legais para se tornar, de fato e de direito, uma polícia de Estado e não de governo”.

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