Valor Econômico – O juiz federal Sergio Moro disse ter “grande
admiração” pelo deputado federal e futuro ministro da Casa Civil Onyx
Lorenzoni (DEM-RS), que admitiu ter recebido doações em caixa dois da gigante
alimentícia JBS.
“Tenho grande admiração pelo deputado Onyx Lorenzoni. ele
foi um dos poucos deputados no momento [da votação] das dez medidas [contra a
corrupção na Câmara] que defendeu a aprovação daquele projeto mesmo sofrendo
ataques severos da parte dos seus colegas. Quanto aos erros, ele mesmo admitiu
e tomou providências para repará-los“, afirmou.
O
juiz foi lembrado de que já chegou a considerar o crime de caixa dois eleitoral
mais grave que o enriquecimento ilícito, pois ele tem o poder de desequilibrar
eleições. “Eu disse isso nos casos descobertos na Lava-Jato, havia casos
em que dinheiro era destinado a financiamento fraudulento [de campanhas], o que
é até pior, pois afeta o jogo político-democrático”, ressalvou Moro.
A
pergunta sobre Lorenzoni também mencionava os possíveis ministros Alberto Fraga
e Magno Malta, que têm contra si respectivamente condenações e investigações
criminais. O magistrado, porém, não fez qualquer comentário sobre ambos.
O
futuro ministro da Justiça e Segurança Pública também foi questionado sobre as
investigações contra o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes – ele é um dos
suspeitos na operação Greenfield, que trata de fraudes em fundos de pensão.
“Não conheço as investigações [contra Guedes], o que está nelas, mas o que
tenho de notícias é que são muito incipientes. Na atual fase, não é possível
emitir qualquer juízo de valor”, disse Moro, numa declaração que não
soaria estranha na boca de um político profissional.
Moro, que aceitou convite
do presidente eleito Jair Bolsonaro para ser ministro da Justiça e Segurança
Pública a partir de 2019, concedeu entrevista coletiva nesta tarde na sede da
Justiça Federal em Curitiba.