O senador
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) tem sido enérgico em seus discursos
ao exigir que o Brasil realize novas
eleições com o objetivo de tirar Dilma Rousseff (PT) da Presidência
da República.
“Houve
uma convocação, um chamamento do vice-presidente da República e nós estamos
aqui para concordar com ele, parcialmente, no sentido de que só será possível
encontrar alguém que unifique o país por meio de novas eleições”, disse o líder
tucano no Senado em um dos seus pronunciamentos no início de março.
Cunha
Lima, hoje um dos principais porta-vozes do impeachment de Dilma Rousseff e
conhecido pelas suas falas inflamadas de combate à corrupção, se sente à
vontade para vociferar em nome da ética e da moralidade sem ser questionado.
Em 2008,
o então governador Cássio Cunha Lima foi cassado por unanimidade pelo TSE

(Tribunal Superior Eleitoral) por uso indevido de dinheiro público. Seu vice,
José Lacerda Neto (DEM), também foi obrigado pela Justiça a deixar o cargo.
O
jornalista Paulo Nogueira, do DCM, enxerga com estranheza a blindagem de
que goza Cunha Lima na mídia.
“Por
conta da campanha que faz contra o governo de Dilma, Cunha Lima tem sido
entrevistado com frequência pela mídia nacional. Mas ninguém toca em seu
passado. Livre de explicações, ele acabou se convertendo em mais uma amostra da
blindagem de que gozam tucanos perante a mídia”, afirma o jornalista.

Embora já
reconhecido como Ficha Suja em 2010
, Cunha Lima venceu e concorreu a eleição
para senador valendo-se da decisão do STF de só aplicar a nova Lei da Ficha
Limpa a partir das eleições de 2012. Se a aplicabilidade da lei já estivesse em
vigência em 2010, o atual senador sequer poderia candidatar-se a um cargo
eletivo.
 
Dinheiro voador 
Além da
ação pela qual teve o seu mandato cassado, Cunha Lima enfrenta outros graves
entraves na Justiça
.
Há mais
de dois anos a ação criminal que investiga esquemas de desvios de recursos e
lavagem de dinheiro em sua campanha eleitoral de 2006
está parada aguardando a
substituição do juiz pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber.

O líder
do PSDB é réu na Operação Concord
, da Polícia Federal, que apura esquemas de
desvios de recursos e lavagem de dinheiro.
A
operação é conhecida por ter provocado, literalmente, uma chuva de dinheiro na
capital paraibana, João Pessoa. Isso porque para não ser pego em flagrante pela
Polícia Federal, um operador da política local, Olavo Lira, conhecido como
Olavinho, teria jogado R$ 400 mil do alto do edifício Concord.

Ministra pede providências a Sergio Moro 
À frente
da Operação Lava Jato, o juiz federal Sergio Moro também já atuou de forma
ativa em outro caso (bastante conhecido dos paraibanos): o ‘Escândalo do
Dinheiro Voador’ ou ‘Caso Concorde’, em que Cássio Cunha Lima é acusado de
distribuição de dinheiro para compra de votos.
A
investigação ainda tramita em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal
(STF), tendo como relatora a ministra Rosa Weber.
Recentemente,
Rosa Weber pediu providências ao juiz Sergio Moro para dar celeridade ao
processo.
“Atribuo ao
Juiz Federal Sergio Fernando Moro, magistrado instrutor, os poderes previstos
no referido dispositivo, para doravante praticar os atos ali previstos e
ordinatórios quanto ao trâmite deste inquérito”, disse Rosa Weber. 
Diferentemente
da “celeridade” que pauta a Lava Jato, Moro não dispensou a mesma conduta e o
processo contra Cássio está parado
 
Emprego para a namorada e supersalário 
Em 2013,
o senador Cássio foi denunciado
por empregar a namorada e a sogra na prefeitura
e na Câmara Municial de Campina Grande, sua cidade natal. Jackson Azevedo, seu
cunhado, também ganhou um cargo de supervisor da UPA (Unidade de Pronto
Atendimento) na cidade (relembre aqui).
Derrotado
na eleição do ano passado
, quando tentava mais uma vez ser governador do
Paraíba, Cássio Cunha Lima confessou,
em um debate entre candidatos, receber um supersalário R$ 52 mil. A remuneração
do parlamentar tucano ultrapassa o teto constitucional brasileiro de R$
29.462,25, valor que é pago mensalmente a um ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF).
 
Farra da boca livre 
“Congresso
banca `hábito gourmet´ dos parlamentares”. Foi com esse título que o jornal
Estado de S.Paulo denunciou (relembre aqui) as despesas
com bocas-livres patrocinadas por parlamentares em que eles torram dinheiro
público sem dó nem piedade.
O jornal
ilustra a matéria com a reprodução da nota fiscal 221515 do restaurante
“Porcão”, de Brasília, o preferido dos políticos que não se importam com o
valor da conta, emitida em nome do senador Cássio Cunha Lima.
Valor: R$
7.567,60
, ou seja, mais de dez salários mínimos. Na parte de “discriminação das
mercadorias” encontra-se uma singela informação: “Refeições”. Não diz nem
quantas foram servidas porque isso, certamente, não interessa a ninguém.
A
boca-livre com dinheiro público foi oferecida pelo senador, após uma homenagem
a seu pai, o ex-parlamentar e ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima.
Por Pragmatismo Político.


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