Uma história da vida real que poderia virar roteiro de filme policial

Com um faro de investigadora e uma experiência de quatro anos no combate a
quadrilhas de crime organizado, uma delegada do Rio Grande do Norte conseguiu,
durante um voo de Brasília a Natal, identificar três suspeitos de explosão e
arrombamento de caixas eletrônicos em vários estados do país.

O
episódio, ocorrido na noite da quinta (09), daria um bom roteiro de filme
policial.

A
delegada Danielle Filgueira Soares Lima passou a semana em Brasília
participando do Fórum Nacional de Enfrentamento a Roubo a Bancos, promovido
pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), em parceria com a
Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O evento foi aberto na última
segunda-feira (06), pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

Hoje
lotada no 11° Distrito Policial de Natal, a delegada veio apresentar a sua
experiência na solução de casos com trabalho de integração entre polícias de
outros estados.

Na
volta para casa, Danielle pegou o voo da TAM que saiu de Brasília às 20h10 com
destino a Natal. Mas na sala de embarque, a delegada cismou com dois
passageiros que estavam prestes a pegar o mesmo avião. “Parecem assaltantes de
banco”, pensou.

Danielle
esperou que todos embarcassem e foi a última a entrar no avião, ainda
incomodada com suas suspeitas. Por coincidência, ela se sentou na mesma fileira
que os dois homens. Um deles suava muito, apesar do ar condicionado gelado da
aeronave. A delegada puxou conversa, mas ele não deu papo.

O
outro ficava olhando fotos no iPhone. Uma das imagens do celular mostrava
várias armas sobre uma mesa.

Chamou
a atenção de Danielle a mão queimada de um deles, típico de quem usa algum tipo
de maçarico para cortar caixas eletrônicos. Foi o que a delegada pensou.

Ela,
então, chamou a comissária, identificou-se e comunicou a suspeita: “Acho que
estou viajando com dois bandidos ao meu lado”.

Enquanto
o avião não pousava, Danielle simulou que estava ao celular e fez várias fotos
dos dois passageiros. Por meio de mensagens, pediu reforço da Polícia Federal
no aeroporto de Natal.

No
desembarque, ela percebeu que um dos suspeitos travou ao ver os agentes da PF.
Um terceiro integrante do grupo, que também estava no voo, apareceu.

Na
abordagem, ao abrir a bagagem dos três passageiros, os policiais federais não
encontraram roupas. A surpresa: eles estavam equipados apenas com ferramentas
para arrombamento de caixas eletrônicos, inclusive um maçarico.

Viajaram
de Brasília a Natal com esse tipo de equipamento, sem nenhum incômodo das
autoridades nos aeroportos. Não fosse o olhar clínico da delegada, o
bando estaria pronto para cometer crimes no Rio Grande do Norte.

Eles
foram detidos e encaminhados à delegacia especializada em roubo a bancos de
Natal. Dois deles já tinham registro policial. Prestaram depoimento e foram
liberados pelo delegado responsável pelo caso, Emerson Guimarães Valente.

Por
meio das fotos dos suspeitos, o Banco do Brasil já conseguiu identificá-los em
imagens registradas durante arrombamentos de caixas eletrônicos em Pernambuco,
Mato Grosso, Paraíba e Maranhão. “Havia imagens deles cortando os caixas”,
conta Danielle.

Eles
tiveram as ferramentas apreendidas, mas estão nas ruas.

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