Folha de São Paulo – Por LAÍS
ALEGRETTI,
de Brasília 
Depois de o Nordeste reagir ao pacote de
medidas de ajuste fiscal proposto pelo governo federal, o governador do Rio
Grande do Norte, Robinson Faria, defendeu nesta quarta-feira (30) ações
“regionalizadas” e disse que é “difícil de aplicar” um
pacto único para todos os Estados do país.
“Existem vários ‘Brasis’. Não podem
adotar medidas iguais para Santa Catarina, Paraná, que são Estados ricos, e Rio
Grande do Norte ou Paraíba. É preciso fazer adequações de acordo com o
regionalismo. Não pode ter uma receita de bolo igual para todos os Estados. O
importante é que cada um atenda metas necessárias para que o Estado fique
dentro de um padrão interessante do ajuste fiscal que o governo federal
quer”, defendeu.
Depois de reunião com o ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, Faria declarou que houve um “equívoco”
nesta semana e que os governadores da região não se posicionaram contra medidas
de austeridade propostas pela União.
Na semana passada, o presidente Michel
Temer acordou com governadores a liberação de mais de R$ 5 bilhões referentes à
multa do programa de regularização de recursos ao exterior. Em troca, o governo
exige que os Estados adotem medidas de controle de ajuste fiscal.
No início desta semana, governadores do
Nordeste reagiram ao pacote de medidas do Ministério da Fazenda e disseram ter
feito o “dever de casa”.
Na segunda, o secretário de Tributação do
Rio Grande do Norte, André Horta, defendeu que o pagamento da multa da
repatriação e as medidas de ajuste devem ser discutidas separadamente.
O governador Robinson Faria declarou
nesta quarta, no entanto, que houve um “equívoco” e que, na verdade,
os Estados nordestinos não se posicionaram contra a proposta de ajuste fiscal.
“Expliquei ao ministro Meirelles que
não houve divergência, não houve contradição ou sentimento do Nordeste de não
cumprir as metas, muito pelo contrário. O Nordeste é quem mais precisa de apoio
hoje. Jamais iríamos ser irresponsáveis para não cumprir metas para poder ter
contrapartida do governo federal de apoio a operação de crédito”, disse.
Segundo Faria, houve “má
interpretação” de que o Nordeste estava “divergindo” ou
“querendo dar um grito de independência”. Ficou acertado com
Meirelles, segundo ele, que o Nordeste elegerá um representante para falar em
nome dos nove estados com o governo federal e “esclarecer tudo que
aconteceu”.
“Ficou parecendo que o Nordeste,
para receber multa da repatriação, queria receber independente de atender o
governo federal. Isso não aconteceu”, reforçou.
Em relação à proposta de estabelecer uma
regra semelhante à PEC do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas
à inflação, Faria afirmou que o grupo do Nordeste ainda está debatendo o tema.
“Estamos discutindo, com opinião para dar certo. Não quero me adiantar à
decisão final do Nordeste”, disse.
O governador também não cravou que o
grupo vai apoiar o aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14% nos
Estados, mas disse que isso tende a acontecer. “Há uma tendência de
aumentar a alíquota”, afirmou.

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