Já houve
um tempo em que a recuperação de um paciente grande queimado era sinônimo de
uma vida repleta de limitações (devido a sequelas motoras) ou até mesmo de um
inevitável óbito. No Rio Grande do Norte (RN) o atendimento para esses casos só
teve início com a abertura do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em 1973.

De forma
improvisada (uma vez que não havia profissionais bem qualificados, espaço
físico ou setor definido) estes pacientes ficavam internados em enfermarias do
quarto e do quinto andar. Porém, este quadro mudou após a inauguração do Centro
de Tratamento de Queimados (CTQ) – serviço especializado na assistência à
pessoa queimada – que, há 12 anos, permanece como o único serviço referência em
tratamento de queimaduras de todo o estado.  

Com a crescente importância do setor, ao longo do tempo, o hospital agregou a
sua equipe multiprofissional (além dos cirurgiões plásticos, anestesistas,
enfermeiros e técnicos de enfermagem) a atuação de especialidades como
fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogas, pedagogo, pediatra,
dermatologista, terapeutas ocupacionais e, mais recentemente, dentistas.

A diretora geral do HMWG, Maria de Fátima Pereira Pinheiro, explica que o
tratamento de um paciente com queimaduras graves é longo e requer cuidados
constantes. Para o restabelecimento de seu bom estado de saúde é necessário
vencer etapas, como: a estabilização do quadro clínico e a cicatrização do
tecido lesionado até o retorno da função de cada parte atingida. “Por essa
razão, o desempenho de uma equipe multiprofissional é essencial para a melhor e
mais rápida recuperação do paciente”, afirma.

A reabilitação de uma vítima de queimadura é muito difícil. Medicamentos,
cirurgias plásticas e curativos (indispensáveis ao processo de recuperação) não
são responsáveis em 100% pela devolução do bom quadro de saúde do queimado.
Dependendo do grau e da extensão da área afetada, o tratamento deve ser
iniciado o mais breve possível.

A fonoaudióloga, Andrea Damazio, conta que o atendimento a uma vítima de
queimadura no CTQ é iniciado tão logo o paciente é admitido no setor. “A
cicatrização não espera pela melhora do estado de saúde do paciente”, explica.

“O papel da psicóloga também é fundamental nessa equipe. Em muitos casos o
paciente tem ansiedade, depressão, stress pós-traumático e a intervenção desse
profissional é essencial para controlar essas situações. Caso não acompanhadas,
as vítimas podem desenvolver uma série de traumas para o resto da vida”,
explica o chefe do CTQ, Marco Almeida.

“As queimaduras de segundo profundo e as de terceiro grau podem gerar sequelas
que causam retração e limitações dos movimentos. Para a reversão desse quadro a
atuação do serviço de fisioterapia e terapia ocupacional são fundamentais. O
atendimento ocorro diariamente para os pacientes do setor”, diz Marco.

O tratamento fisioterápico, por exemplo, tem seu foco principal em manter a
função motora do paciente. Para tanto, são executadas atividades como a
orientação postural, o treino de marcha (andar), a drenagem linfática
(diminuição do inchaço da área afetada), alongamentos, entre outras.

Para manter a equipe em sintonia com a complexidade dos casos que chegam ao
setor, a atualização em novas técnicas e em novos tratamentos são
indispensáveis. Nesse campo, o Núcleo de Educação Permanente (NEP) oferta aos
profissionais do hospital treinamentos e capacitações, através de profissionais
da casa ou de instituições parceiras. “A equipe de enfermagem tem de ser
altamente treinada para este fim (o tratamento de queimadura), afirma almeida.

Ainda sobre a rotina dos profissionais do CTQ, Almeida destaca a visita
multidisciplinar que acontece uma vez por semana, em todas as enfermarias.
“Todas as quintas-feiras nós visitamos os pacientes no leito e discutimos, caso
a caso, as prioridades e as condutas a serem adotadas. Todos interagem e opinam,
planejando a programação de cada paciente. Quando necessário, nos valemos de
pareceres de outras especialidades como cirurgia vascular, infectologista,
ortopedia, neurologista, ou qualquer outra, a fim de complementar o
tratamento”, finaliza Marco Almeida.


Para prevenir
queimaduras:

-Não deixar crianças desacompanhadas em cozinhas;
-Cozinhar com os cabos das panelas voltados para dentro do fogão;
-Não arremessar álcool sobre chamas
-Vedar as tomadas com plugs

Queimou? Primeiros
cuidados.

-Lavar o local queimado com água corrente, em temperatura ambiente, até
minimizar a dor;
-Não estourar as bolhas. Essa decisão cabe ao médico que avaliará a lesão e
decidirá se há necessidade.
-Cobrir a região queimada com gase estéril ou pano limpo e procurar um serviço
especializado no tratamento de queimados;
-Não colocar: creme dental, óleo, margarina, pomadas ou qualquer outra
substância que possa aderir à pele, devido ao risco de uma infecção ou
agravamento da região queimada.

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