Valores
não incluem pagamentos eventuais ao presidente Carlos Arthur Nuzman

Um seleto grupo de brasileiros não tem motivos para
reclamar do Rio-2016. Em meio às dificuldades cada vez maiores de orçamento e
de arrecadação com ingressos e patrocinadores, os oito diretores-executivos do
Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos tiveram sucessivos aumentos de
pagamentos que totalizam R$ 26,8 milhões entre 2011 e 2015. Os valores incluem
salários e gastos.
Os dados fazem parte dos balanços financeiros do
Comitê Rio-2016 que, nos últimos dias, foram colocados no site de transparência
do evento depois de uma pressão da Justiça. O grupo inclui oito executivos que,
no fundo, são os responsáveis por organizar o evento milionário. Apesar da
“transparência”, os valores não incluem pagamentos eventuais ao presidente do
Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman. Oficialmente, ele insiste que não recebe
nada.
À medida que o evento se aproximava, o valor do
pagamento aumentava. Em 2011, foram R$ 2,7 milhões pagos aos oito executivos.
No ano seguinte, o valor passou para R$ 3,1 milhões. Em 2013, já era de R$ 5
milhões, contra R$ 7,3 milhões em 2014 e R$ 8,3 milhões em 2015. Os valores de
2016 ainda não foram revelados. Mas a comemoração pode ser ainda maior, já que
os pagamentos devem ser superiores aos de 2015.
“Até
31 de dezembro de 2013, a entidade pagou a essa diretoria, a título de
salários, o montante de R$ 5.062.014 (R$ 3.136.004 em 2012)”, diz um dos
balanços. Em gastos de viagens, o Rio-2016 ainda destinou R$ 24
milhões por ano, entre 2014 e 2015. Os dados também fazem parte dos balanços
financeiros.
Apesar
dos altos salários, documentos do Ministério Público Federal obtidos pelo
Estado indicam que, ao longo dos anos e mesmo num momento de expansão da
economia brasileira, o Rio-2016 não conseguia fechar suas contas. Em 2010,
o buraco era de R$ 22,6 milhões. Em 2012, ele já tinha saltado para R$ 90,6
milhões. Naqueles anos, o PIB nacional chegou a crescer 7,5%.
Em
maio deste ano, mais R$ 900 milhões foram cortados em gastos, na esperança de
fechar o orçamento. Mas ainda assim o déficit não conseguiu ser evitado.
Nesta
semana, os organizadores do Rio-2016 confirmam que irão precisar de ajuda
de dinheiro público. Numa viagem à cidade carioca, o presidente interino Michel
Temer confirmou em uma reunião com os dirigentes que os cofres públicos
garantirão R$ 250 milhões ao evento paralímpico.

Estadão

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