O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ao STF (Supremo Tribunal
Federal) que o ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo) atuou para obter
recursos desviados da Petrobras em troca de favores para a empreiteira OAS.

Parte
do dinheiro do esquema desbaratado pela Operação Lava Jato teria abastecido a
campanha de Alves ao governo do Rio Grande do Norte em 2014, quando ele acabou
derrotado.

A
negociação envolveria o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o
ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. As afirmações da Procuradoria constam do
pedido de abertura de inquérito para investigar os três, enviado no fim de
abril ao Supremo, mas até hoje mantido sob sigilo.

No
despacho obtido pela Folha, Janot aponta que Cunha e Alves atuaram para
beneficiar empreiteiras no Congresso, recebendo doações em contrapartida.

Entre
10 e 23 de outubro de 2014, houve ao menos oito pedidos de recursos para Alves,
feitos por Cunha a Pinheiro. Também há cobranças diretas do atual ministro ao
empreiteiro.
“Houve, inclusive,
atuação do próprio Henrique Eduardo Alves para que houvesse essa destinação de
recursos, vinculada à contraprestação de serviços que ditos políticos
realizavam em benefício da OAS”, escreveu Janot.
“Tais montantes (ou,
ao menos, parte deles), por outro lado, adviriam do esquema criminoso montado
na Petrobras e que é objeto do caso Lava Jato”, completou.
É a primeira vez que Janot
liga os repasses feitos para Alves aos desvios ocorridos na Petrobras. O
peemedebista foi ministro do Turismo do governo Dilma e voltou ao cargo com
Michel Temer.
Como o processo se
encontra oculto, não há informações se houve decisão do ministro do Supremo
Teori Zavascki pela abertura do inquérito. As suspeitas são de corrupção ativa,
passiva e lavagem de dinheiro. A investigação tem como
base mensagens apreendidas no celular de Pinheiro.
Janot diz que Cunha
recebeu valores indevidos, em forma de doações oficiais, por ter atuado em
favor de empreiteiras. O mesmo teria ocorrido com o ministro.
“Verificou-se não
apenas a participação de Henrique Eduardo Alves nesses favores, como também o
recebimento de parcela das vantagens indevidas, também disfarçada de ‘doações
oficiais'”.

Entre 10 e 23 de outubro
de 2014, houve ao menos oito pedidos de recursos para Alves, feitos por Cunha a
Pinheiro. Também há cobranças diretas do atual ministro ao empreiteiro.

Alves,
segundo a PGR, prometeu ao comando da OAS atuar junto ao Tribunal de Contas da
União e ao Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte, onde a empreiteira tinha
pendências.

As
mensagens também citam diversos encontros dos empreiteiros com Alves.

Na
prestação de contas da campanha de Alves, há o registro do recebimento de R$
650 mil da OAS. Além disso, outros R$ 4 milhões, doados pela Odebrecht, são
considerados suspeitos por Janot, porque as doações teriam sido feitas a pedido
de Cunha para um posterior acerto da Odebrecht com a OAS.

Nos
diálogos abaixo, o registro das conversas entre Henrique, Cunha e Léo Pinheiro.
Acompanhe:

CONVERSAS
INDISCRETAS

Para
Procuradoria, mensagens de celular mostram Henrique Eduardo Alves e Cunha
pedindo doações à OAS

OS
ENVOLVIDOS

Henrique
Eduardo Alves, ministro do Turismo (PMDB-RN)

Eduardo
Cunha, deputado federal afastado (PMDB-RJ)

Léo
Pinheiro, ex-presidente e sócio da OAS condenado a 16 anos

22.jun.2013
Henrique
Eduardo Alves (para Léo Pinheiro): Charles [não identificado] poderia me
procurar seg cedo em casa? la marcaria com Pres TC, irmão do Garibaldi.
Discutiríamos problema. Se ele puder, 8 e 30!Ok

14.jul.2013
Henrique
Eduardo Alves (para Léo Pinheiro): Seg, em BSB, vou pra cima do TCU. Darei
notícias!

Segundo
a Procuradoria, o ministro diz que procurará o então presidente do Tribunal de
Contas do Rio Grande do Norte, Paulo Roberto Chaves Alves, irmão do senador
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), para resolver demandas da OAS

26.mar.2013
Léo
Pinheiro (para Antonio Carlos Mata Pires, sócio da OAS): Henrique Alves me
ligou x nossa negociação com o América de Natal.Falo-me do nOde cadeiras: 1650
para 2000 E do valor mensal: 50mil para 100mil. Vc vê com Cadu? Bjs.

Segundo
a Procuradoria, Pinheiro relata conversa que teve com Alves sobre negociação de
cadeiras com o time de futebol América de Natal

10.out.2014
Eduardo
Cunha: Vê Henrique seg turno

Léo
Pinheiro: Vou ver

13.out.2014
Eduardo
Cunha: Amigo a eleição e semana que vem preciso queveja urgente…

15.out.2014
Eduardo
Cunha: Henrique amigo?

Léo
Pinheiro: Está muito complicado

Eduardo
Cunha: Mas amigo tem de encontrar uma solução senão todo esforço será em vão

16.out.2014
Henrique
Eduardo Alves (para Léo Pinheiro): Amigo, como Cunha falou, na expectativa
aqui. Abs e Obrigado

17.out.2014
Eduardo
Cunha: Amigo qual a saída para Henrique?

Léo
Pinheiro: Infelizmente não tenho

21.out.2014
Eduardo
Cunha (para Léo Pinheiro): Deixa falar tive com Junior pedi a ele paradoar por
vc ao henrique acho que ele fará algo. Tudo bem?

Eduardo
Cunha: Preciso que de um reforço ao Junior ao menos 1 dele da. Sua
contaprecisava de emergência

23.out.2014
Eduardo
Cunha (para Léo Pinheiro): Ok bom tocando com junior qui na pressão ele vai
resolver e se entende com vc

Segundo
a Procuradoria, “Junior” é Benedicto Barbosa Silva Júnior, ex-presidente da
Odebrecht Infraestrutura

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