O Globo – A força-tarefa da Lava-Jato
localizou um e-mail que pode ter sido usado pelo ex-deputado Eduardo Cunha para
movimentar dinheiro de corrupção no banco Julius Baer, na Suíça. O endereço
eletrônico “ctrivoli0987” foi criado em outubro de 2015 por Kayze Nunes Caze,
ex-funcionário da Câmara dos Deputados, lotado no gabinete de Cunha. Segundo os
procuradores, Caze era bastante próximo ao deputado — os dois trocaram
documentos inclusive sobre os processos de investigação de Cunha. Caze deixou o
posto em setembro passado.
O e-mail foi criado em nome de
“Carlos Trivoli” e usado para movimentar a conta Orion. Na mensagem eletrônica
encaminhada a uma funcionária do banco suíço, “Carlos Trivoli” confirma
depósitos no valor de 1,3 milhão de francos suíços feitos em 2011. Os
procuradores observam que este é justamente o valor da propina que teria sido
paga a Cunha pelo contrato de exploração na África. As perfurações nunca
chegaram ao petróleo.
Em outra mensagem trocada pelo
e-mail “trivoli0987”, a funcionária do banco suíço encaminha ao interlocutor
extratos bancários das contas Orion SP e Triumph, que, segundo o MPF, pertencem
a Eduardo Cunha. Ela alerta: “fiquemos antenados para nosso encontro pois é
importante”.
“Trata-se, justamente, da quantia
imputada pelo MPF como recebida por Eduardo Cunha, a título de vantagem
indevida, na aquisição pela Petrobras de um campo de petróleo em Benin, na
África, e que é objeto da ação penal”, afirmam os procuradores.
“Essas provas indicam que Cunha
era o efetivo beneficiário e controlador das contas Orion e Triumph”,
abastecidas com propinas acertadas na compra, pela Petrobras (…)”, diz o
documento do MPF, anexado à ação movida contra Cunha.
As mensagens são originadas num
computador instalado no Rio de Janeiro, e o MPF investiga, pelo endereço do IP,
o endereço de quem trocou as mensagens. Os procuradores suspeitam que o usuário
do e-mail seja ligado a Cunha — ou até o próprio ex-deputado. Procurado, o
advogado de Cunha não se manifestou.

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