Leonardo
Meirelles, parceiro de negócios de Alberto Youssef, fechou um acordo de delação
premiada com a Procuradoria Geral da República.

O
doleiro Leonardo Meirelles, parceiro de negócios de Alberto Youssef, fechou um
acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República e entregou o
que classifica de novas provas sobre a transferência de US$ 5 milhões para
contas secretas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O
montante, segundo a Procuradoria, foi a propina que Cunha recebeu do empresário
Julio Camargo após a Petrobras contratar dois navios-sondas da empresa coreana
Samsung e da japonesa Mitsui, em 2006 e 2007.


Cunha
teria recebido a propina porque o PMDB indicou Nestor Cerveró para a diretoria
internacional da Petrobras, que fez o negócio. O deputado nega que tenha
recebido suborno e disse que Meirelles terá de provar o que diz.

Os
documentos mostram que os US$ 5 milhões saíram de banco chinês com que o
doleiro trabalhava e foram depositados em contas na Suíça que seriam de Cunha,
segundo Haroldo Nater, advogado de Meirelles.

Com
os novos documentos, os investigadores da Lava Jato dizem ter fechado o círculo
de provas em torno de Cunha: há documentos suíços apontando que a conta é dele
e documentos chineses mostrando que o dinheiro saiu da conta do doleiro que
operava com Youssef.

Os
US$ 5 milhões foram depositados em três parcelas: duas de US$ 2,3 milhões em
outubro de 2011 e junho de 2012, e uma de US$ 400 mil, em julho de 2012.

Os
dois primeiros depósitos saíram de contas mantidas por uma empresa de
Meirelles, a RFY Import and Export Ltd.; o terceiro partiu da DGX Import and
Export. As empresas de fachada foram usadas para enviar ou trazer dólares para
o Brasil por meio de importações simuladas.

Meirelles,
por sua vez, recebeu os valores de Julio Camargo, que fez transferências da
Suíça para a China.

O
doleiro tornará pública as provas em depoimento que deve prestar nesta quinta
(7) no Conselho de Ética da Câmara, que analisa o pedido de cassação do
deputado por quebra de decoro.

Cunha
negou no ano passado ter contas na Suíça, mas autoridades daquele país dizem
ter encontrado quatro contas do deputado e seus familiares. Delatores citaram
outras cinco contas que seriam de Cunha, o que o deputado nega com veemência.

Nater,
o advogado de Meirelles, diz que a Câmara se comprometeu a pagar a passagem
dele e de seu cliente para Brasília, como é a regra no Conselho de Ética, mas
Cunha vetou. Meirelles decidiu que bancaria a viagem por conta própria.

Condenado
a cinco anos e seis meses de prisão e réu em outras duas ações, Meirelles vai
cumprir a pena em regime aberto graças à delação e pagará multa de R$ 350 mil.

OUTRO
LADO

A
assessoria do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que Leonardo Meirelles
terá de provar que as contas que receberam US$ 5 milhões são do presidente da
Câmara.

O
deputado já teve quatro contas na Suíça, segundo autoridades daquele país, mas
duas foram fechadas. O saldo atual das contas é de US$ 2,4 milhões, mas elas
receberam US$ 4,8 milhões e 1,3 milhão de francos suíços.

Cunha
diz que não mentiu ao dizer que não tinha conta na Suíça. Segundo ele, o
controle é feito por um trust, um tipo de contrato no qual o dono dos recursos
transfere a administração a um terceiro. 

Por folha de São Paulo

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