Relação de
Nestor Cerveró foi feita em delação premiada à Procuradoria-Geral da República.

Em
delação premiada à Procuradoria-Geral da República, na Operação Lava Jato, o
ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou que, em
2012, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) o chamou em seu gabinete no Senado
para reclamar da ‘falta de propina’. Na ocasião, o presidente da casa era José
Sarney (PMDB/AP).
As
informações sobre Renan Calheiros estão no Termo de Colaboração 28 de Cerveró
que tem como tema ‘Negociações de propina na BR Distribuidora’.
Renan,
presidente do Senado, é alvo de 12 inquéritos no Supremo Tribunal Federal. Ele
aparece em áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro e seu ex-aliado
Sérgio Machado criticando a Operação Lava Jato e o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, a quem chama de ‘mau caráter”.
“Em
2012, o declarante [Nestor Cerveró] foi chamado no gabinete de Renan Calheiros
no Senado Federal. Na ocasião, Renan Calheiros reclamou da falta de repasse de
propina por parte do declarante”, relatou Cerveró.

– O
declarante explicou que não estava arrecadando propina na BR Distribuidora; que
então Renan Calheiros disse que a partir de então deixava de prestar apoio
político ao declarante; que no entanto, o declarante permaneceu na Diretoria
Financeira e de Serviços, da BR Distribuidora.

Cerveró
foi diretor na Petrobras entre 2003 e 2008 e, em seguida, diretor financeiro da
BR Distribuidora. O executivo está preso desde janeiro de 2015 na Lava Jato.
Foi o pivô da cassação do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS).
No
depoimento, Cerveró contou que em 2009, depois da posse de José de Lima Andrade
Neto na presidência da BR Distribuidora, foi feita uma reunião no anexo do
hotel Copacabana Palace, da qual teriam participado o empresário Pedro Paulo
Leoni Ramos, o PP, que segundo o ex-diretor estaria representando o senador
Fernando Collor de Mello (PTC/AL). Também estavam no encontro Renan Calheiros,
Delcídio e o próprio Cerveró.
“Nessa
reunião, José de Lima Andrade Neto foi bastante didático ao explicar que os
negócios nos quais haveria ‘discricionaridade’ da BR Distribuidora eram a
compra de álcool, o aluguel de caminhões para transporte de combustível e a
construção de bases de distribuição de combustíveis; que esses seriam os
negócios que poderiam render propina mais substancial na BR
Distribuidora”, declarou Cerveró.
– Nos
outros negócios da BR Distribuidora não haveria maior liberdade financeira; que
na ocasião José de Lima Andrade Neto se disponibilizou a ajudar os políticos
interessados; que o declarante foi chamado para a reunião porque tinha sido
diretor internacional da Petrobras e sabia como as coisas funcionavam.
O
ex-diretor foi condenado em dois processos na Lava Jato por corrupção e lavagem
de dinheiro. Em uma das ações, Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato na
primeira instância, impôs 12 anos e três meses de prisão para Cerveró. Em sua
primeira condenação, o ex-diretor foi condenado a cinco anos de prisão
pelo crime de lavagem de dinheiro na compra de um apartamento de luxo, de R$
7,5 milhões, em Ipanema, no Rio.
A
reportagem procurou Renan Calheiros, Fernando Collor e José de Lima Andrade
Neto.
“Pedro
Paulo Leoni Ramos não comenta delações premiadas e se manifestará nos autos,
fórum adequado para a apresentação de sua defesa”.
Portal R7

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